COMO GAYS E
LÉSBICAS PERCEBEM SUA INSERÇÃO NA POLÍCIA CIVIL, UMA ORGANIZAÇÃO RECONHECIDA
COMO MASCULINA E VIRIL?
Dilma Dias Guimarães*
Desde os primórdios, à
época de Maquiavel os policiais e militares já eram considerados como pessoas
viris, de estatura elevadas, ágeis, vigorosos e embrutecidos. Os homens
efeminados eram pouco favoráveis para abraçar a vida das armas. Ainda hoje, nos
tempos modernos em que as pessoas são punidas por discriminarem ou mostrarem
preconceitos em relação à orientação sexual de outras pessoas, os homossexuais
continuam a permanecerem invisíveis perante alguns ramos da sociedade. O
conceito de Invisibilidade Social (PORTO, 2006) tem sido aplicado, em geral,
quando se refere a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença, seja
pelo preconceito e a invisibilidade pública (Costa, 2004), desponta como um fenômeno psicossocial,
definido como o desaparecimento de um homem entre outros homens. A
invisibilidade seria então o resultado do processo de humilhação social,
construído durante séculos e sempre determinante no cotidiano dos indivíduos. Com
as ondas de busca de visibilidade por meio dos movimentos sociais homossexuais,
esse quadro vai se modificando, entretanto para a instituição policial a
invisibilidade continua presente. A Polícia Civil é considerada ainda hoje um
local predominantemente masculinizado e por esse motivo foi escolhida como
objeto desta pesquisa, com o intuito de verificar se os homossexuais femininos
e masculinos são invisíveis e discriminados pelos seus pares. Acredita-se que
os homossexuais femininos são identificados como ocupantes legítimos do cargo
pela especificidade da função, enquanto os homossexuais masculinos são mais
invisíveis e mais discriminados. Trata-se de uma pesquisa Fenomenológica, a coleta
de informações se deu por meio de entrevista semi-estruturada aplicadas a três
gays e duas lésbicas, agentes de polícia da Polícia Civil do Distrito Federal e
o tratamento das informações foi feito por meio de análise compreensiva
comparando as informações entre os dois grupos. Concluiu-se que os gays são
mais discriminados que as lésbicas e que existe pouca visibilidade em relação à
pessoa homossexual na PCDF. Acredita-se ainda que nos tempos modernos em que as
pessoas são punidas por discriminarem ou mostrarem preconceitos em relação à
condição sexual de outras pessoas, os homossexuais permanecem invisíveis
perante alguns ramos da sociedade. Isso ocorre principalmente em culturas
machistas.
Referências
Bibliográficas:
COSTA, F. Homens invisíveis: relatos de uma humilhação
social. São Paulo: Ed. Globo,
2004.
FACCHINI, R. Visibilidade é
legitimidade? O movimento social e a promoção da cidadania LGBT no Brasil. Psicologia e diversidade sexual: desafios
para uma sociedade de direitos. Conselho Federal de Psicologia, Brasília,
2011.
MAQUIAVEL, N. A arte da guerra. Tradução: Ciro Mioranza, Ed. Escala, São Paulo, 2ª edição
revisada, 2006.
PORTO, J. Invisibilidade Social e a Cultura do Consumo. Rio de Janeiro. PUC-RIO, 2006.
Disponível em: http://www.dad.puc-rio.br(dad07)arquivos_download/43.pdf. Acesso
em 07/12/2011
* Psicóloga especialista em psicologia
clínica, organizacional e do trabalho. Especialista em saúde mental pela
Universidade de Brasília. Atualmente chefe do Núcleo de Prevenção e Atenção à
Saúde Mental da Policlínica da Polícia Civil do Distrito Federal e perita do
Juízo da Justiça Federal. Email: dilmadg@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário