quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PSICOLOGIA ESCOLAR

A psicologia, como grande aliada da educação, tem compromisso social junto ao psicólogo escolar, em busca da identificação das diversas barreiras que possam dificultar o processo educativo em suas múltiplas dimensões, ajudando assim na transformação dos processos educativos. A Psicologia Escolar considera os fatores ambientais, históricos e culturais no desenvolvimento das funções psicológicas do ser humano.
A educação, por ser um fenômeno social bem complexo, tem variados sentidos. Uma vez que representa as manifestações, produções e criações humanas veiculadas pela relação social, ela passa a contextualizar-se em um processo formativo visando o pleno desenvolvimento humano. “A educação é um processo permanente que se realiza na família, na comunidade, no trabalho e nos demais contextos em que há presença humana, pois a educação está presente em toda interação do homem com o meio” (GDF 2010, p. 50). Dentro da perspectiva histórico-cultural o desenvolvimento psicológico é entendido como um processo histórico. Assim, na última década, a psicologia escolar vem ganhando maior campo de atuação dentro do âmbito escolar, de forma a se estruturar e ampliar o movimento de conhecimentos na busca de oferecer melhores condições de aprendizagem e desenvolvimento humano.
            O termo Psicologia Escolar surgiu no exercício do psicólogo que atua na área educacional, que ao se apropriar de diferentes elaborações teóricas e práticas permitiu uma compreensão dialética da relação entre os indivíduos, enquanto sujeito de sua história dentro de diferentes contextos socioculturais.
            Na perspectiva de compreender o sujeito dentro da abordagem histórico-cultural busca-se analisá-lo em sua subjetividade e na sua própria constituição como sujeito. Segundo Vigotski (2009), o desenvolvimento humano é um processo cultural que se desenvolve através da interação entre os indivíduos com a realidade, produzindo transformações históricas entre os homens e destes com a natureza. Dentro desse contexto vê-se o ser humano como produtor da cultura que transforma a natureza e que ao mesmo tempo é por ela modificado quando em interação com a mesma.  
Assim entende-se que o ensino/aprendizagem, acontece numa rede de relações produtoras de mediações, onde os sujeitos interagem com os pares numa classe social e no âmbito familiar. Para avaliar as dificuldades das relações institucionais também se deve analisar todo um contexto relacional e cultural humano, pois a apreensão do conhecimento e a resposta a partir dessa apropriação é fruto de todas essas relações. Para Martinez (2009), o trabalho do psicólogo escolar, nesta importante dimensão, implica reconhecer o valor da dimensão psicossocial deste espaço.
          Permitindo ao psicólogo perceber todo o delineamento, estratégias e articulações dentro da dimensão psicoeducativa e psicossocial, otimizando desta forma todo o processo educativo. Por sua vez o sujeito dentro da sua subjetividade contribui direta ou indiretamente dentro do contexto do qual esta inserido, onde adquire uma especial importância dentro dos aspectos sociais sendo bastante relevantes para a instituição. Permitindo ao Psicólogo Escolar compreender os processos relacionais que ocorrem na escola, onde tanto os profissionais quanto os alunos atuam. Este espaço social em que se relacionam busca agir sempre dentro de um contexto percebido em sua própria ação, ou seja, o sujeito psicológico é que atua. Segundo Martinez (2009):
A partir de um sensível processo de diagnóstico e análise das necessidades institucionais o psicólogo pode sugerir delinear e coordenar estratégias de intervenção direcionadas a potencializar o trabalho em equipe, mudar representações cristalizadas e inadequadas sobre o processo educativo, desenvolver habilidades comunicativas, mediar conflitos, incentivar a criatividade e a inovação, melhorar a qualidade de vida no trabalho e outras tantas ações, como contribuição significativa ao aprimoramento do funcionamento organizacional. (Martinez, 2009, p. 172-173)
Segundo Martinez (2009) a escola é um locus privilegiado para promover a mediação da cultura, do conhecimento, além de propor saltos qualitativos na aprendizagem e no desenvolvimento humano, ao mesmo tempo em que facilita a socialização, e o controle social.  É na escola também que ocorre a repetição e ao mesmo tempo a tentativa de transformação das ideologias e filosofias, construídas histórica e socialmente, e compartilhadas pelos agentes escolares.
Nesse sentido, o papel do psicólogo escolar é fundamental para gerar reflexão quanto aos papéis desempenhados na escola. Sendo uma das atuações do Psicólogo escolar a criação de espaços de conscientização aos agentes escolares, de forma a quebrar o paradigma apresentado pela lógica escolar. De acordo com Marinho-Araújo e Almeida (2005) há de se considerar também que os processos norteadores no trabalho escolar são historicamente construídos e reconhecidos como normal/natural, porém esses mesmos processos podem ser entraves na dinâmica escolar, tanto para o que ensina e aprende, como para os demais envolvidos.
Uma das formas do psicólogo propor processos de conscientização é através da intervenção com o mapeamento institucional, para levantar as incoerências, contradições, fragilidades e potencialidades do processo administrativo e pedagógico da escola. Para Marinho-Araújo e Ameida (2005) o mapeamento institucional proporcionará uma avaliação do não dito, das problemáticas cotidianas engessadas, e mais do que isso concederá voz aos sujeitos participantes e com isso perceberá também as “vozes” institucionais, para só então provocar transformações através de novas ações no ambiente escolar.

Referências bibliográficas
- Governo do Distrito Federal (2010). Orientação Pedagógica: Serviço Especializado de Apoio à Aprendizagem. Brasília: SEDF.

- MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria e ALMEIDA, Sandra Francesca Conte (2005). Psicologia Escolar: construção e consolidação da identidade profissional. Campinas/ SP: Alínea.

- MARTINEZ, A. M. (2009). Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) – 13, p. 169-177.

- VIGOTSKI, L. S. (2009). Imaginação e Criação na Infância. RJ Editora Ática


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